16.3.13

Dose

Quando percebe que é chegada a hora de abrir mão, talvez seja essa a dose mais dolorida da vida.
Mais dolorosa porque um adeus nunca é fácil, porque um adeus nunca é não choroso. Mas talvez as pessoas se esqueçam que nem todo adeus é pra sempre, que talvez alguns adeuses queiram dizer: ei, até logo, eu ainda te amo.
As vezes precisamos dizer adeus aos deuses de uma vida toda. Se libertar dos seus próprios demônios, aqueles que você mesmo criou e alimentou. Os demônios gritam por dentro e é ensurdecedor. Os demônios que carregamos dentro de nós somos nós quem exorcizamos, acontece que nesse caminho acabamos nos ferindo, ferindo a quem amamos e essa, talvez, seja a segunda dose mais dolorida da vida.
O que fazer vendo o amor se esvair entre anjos e demônios?
O que fazer quando qualquer direção é dolorosa?
Será que há ainda, entre os homens e mulheres, a paciência de guardar o coração, um pelo outro, para sempre, pelo que é verdadeiro?
Enquanto isso, uma dose de qualquer coisa.

                                                                                                                  - Raquel